O último lugar da tabela ocupado pelo Boavista reflecte uma época difícil, mal estruturada e cujos pilares não são fortes para suster a equipa. Apesar de tudo isso, Bruno Pinheiro não acredita que a posição em que está seja reflexo do plantel. “A nossa classificação não dignifica nada a qualidade que tem este grupo, nem o ambiente no balneário. Temos jogadores com muita qualidade, mas a sorte não nos tem acompanhado e temos pecado na finalização”, afirmou, confessando que a motivação para os treinos durante a semana é afectada pelas questões financeiras. “Temos contas em casa para pagar, gastamos gasolina, é obvio que isso nos prejudica e não nos deixa trabalhar a 100 por cento. Para um jogo ser bem preparado, durante a semana temos que treinar completamente concentrados e esta época tem sido impossível”, confessou, deixando a certeza de que durante jogo tudo é esquecido e é mais fácil se abstraírem dos problemas.
Bruno Pinheiro é atleta do Boavista desde os 6 anos e sócio desde nascença e mais do que um emprego o atleta sente o clube que representa. “Nesta fase já nem é o dinheiro que conta, mas sim a salvação do clube, do nosso nome e de todos os sócios que nos têm apoiado. Já perdi a conta dos salários, já tenho em atraso desde o ano passado. Só penso no Boavista e pelo que fez no panorama nacional e estar agora onde está, é uma questão de orgulho”, confessou, desabafando que para ele toda esta situação é “devastadora em termos emocionais”.
Apelo aos sócios. O jogador reconhece o papel importante que os adeptos podem ter em todo este cenário, acreditando que podem comparecer muitos mais no apoio à equipa. “Jogo aqui há 15 anos, vi o estádio cheio muitas vezes e o poder que o Boavista tem em termos de associados. Penso que se comparecerem metade do ano em que fomos campeões seria uma grande ajuda e o 12º jogador”, apelou, não esquecendo de agradecer o apoio dos poucos que estão sempre presentes. “Independentemente do resultado, no final eles estão lá a bater palmas e incentivar, o que nos acalenta, mas jogar com mais público teria outro peso”.
A receita para fugir à despromoção parece estar no sentimento de grupo e na reputação que cada jogador que manter. “Uma descida mancha qualquer currículo e o orgulho é tudo o que nos resta”, disse, esclarecendo que a mensagem passada por Rui Bento para os próximos 5 jogos é de união.
PATRÍCIA MARTINS
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